sábado, 4 de julho de 2015

Coluna Paulo Guedes - Os Educandos de Jesus – Parte 1



Muitas pessoas acreditam que a tarefa de Jesus foi facilitada porque os seus discípulos e todos aqueles que O seguiram eram espíritos evoluídos, dotados de amplo conhecimento das leis de Deus. Temos que vê-los como seres humanos como nós, com suas imperfeições e fraquezas naturais à criatura humana. Embora estejamos falando de outra época, com condições sócio-politico-religiosa deferentes das atuais, a natureza humana é sempre a mesma. O Mestre Jesus lidou com um grupo mais íntimo de seguidores, outro maior de discípulos e outro, maior ainda, de críticos e indiferentes.


A turba humana que Jesus lidou e ensinou estava muito longe de ser perfeita, principalmente quando olhamos para os primeiros contatos dela com o Mestre. Mesmo após os ensinamentos da Boa Nova demonstravam ainda imperfeições e vacilações diante das provas, como podemos observar na negação de Pedro (Mt. 26: 69-75). Tinham os caracteres ideais para se tornarem grandes homens, eram mestres em desenvolvimento, mas eram frágeis como todos nós. Só um homem da envergadura de Jesus, com visão do futuro, dotado de paciência, persistência e perseverança, e principalmente de um infinito amor, poderia investir em alunos tão frágeis e torná-los fortes como a rocha.


Imaginamos a grande dificuldade para transformação daqueles homens simples, que diante das provas e no lidar com o mundo mostravam tamanha dificuldade. Lembramo-nos de João, o que se tornou evangelista, com toda a dificuldade de controlar seu gênio, e se encolerizou contra os samaritanos, os mesmos a quem que Jesus queria revelar o seu infinito amor; João não só deu asas a seu temperamento e preconceitos, mas também ao orgulho, e chegou a pleitear o privilégio de assentar-se à destra de Jesus. E Tiago se associou a ele, igualmente desejoso de posição social e política; Tomé, que mesmo com a informação da volta do Mestre, exige provas contundentes Dele para poder acreditar; Judas, que apesar do convívio íntimo com Ele, não compreendeu a Sua missão e O traiu por trinta moedas de prata; todos, com exceção de João, fugiram, deixando Jesus a sua própria sorte na cruz. O grande feito do educador Jesus, de chamar para si esse grupo cheio de defeitos, que pouco prometia, e formá-los homens de bem, que serviriam de sustentáculo para o cristianismo nascente, serve de alento e inspiração a todos nós, pois se permitirmos, Ele também nos fará homens de bem.


Os discípulos de Jesus não eram apenas imaturos, mas também impetuosos, impulsivos e muitas vezes precipitados. Pedro, por exemplo, era governado por impulsos e muito precipitado, como podemos observar em várias passagens que encontramos no Novo Testamento, como quando se lançou ao mar, em certa manhã bem fria, e nadou até a praia para chegar perto de Jesus, quando calmamente poderia dirigir o barco à margem (cf. Jo. 21:7); outro exemplo é quando Pedro decepa a orelha do servo do sumo sacerdote com sua espada (Jo.18:10).


O mestre Jesus, em sua tarefa de transformação da humanidade, não lidou apenas com pessoas de caráter difícil e fortes impulsos, mas também com aqueles com grandes tendências ao erro. Dentre eles alguns se tornaram cristãos de elevado caráter, mas temos que entender que nem sempre foram assim, nem tinham a elevação dos anjos, como tendemos a achar. Eram homens e mulheres de altos e baixos, instintos e impulsos, que longe da ética cristã que controla e direciona, inevitavelmente teriam sido arrastados a males irremediáveis.

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