Analisando
os Evangelhos chegamos à conclusão de que Jesus não tinha uma maneira
fixa de ensinar, nem algum método preestabelecido para lecionar ao povo
que o cercava. O que vemos é um Mestre que não se prendia a rotinas, nem
se escravizou a qualquer sistema. Ele utilizou de forma perfeita todos
os métodos como se fosse coisa natural do Seu ser. Foi um mestre
incomparável na arte de ensinar, variando seu processo de ensino
conforme a ocasião e o objetivo que tinha em mente.
Podemos
dizer que Jesus conhecia e empregou todos os recursos utilizados hoje
pela moderna pedagogia, de forma tão perfeita que o melhor dos mestres é
apenas um pupilo perto Dele. Vejamos alguns desses métodos:
Lições objetivas
Jesus
usou com muita qualidade lições objetivas para passar seus ensinos,
buscar demonstrar a verdade através de exemplo utilizando coisas
concretas e vivas. Temos vários exemplos da utilização desse método,
vejamos alguns: quando o Mestre quis ensinar aos seus discípulos qual
era a atitude a ser tomada para entrar no Reino de Deus, utilizou uma
criança dizendo que o Reino era para aqueles que se assemelhavam a ela
(Mt. 18:1-4); quando precisou dar uma lição referente à humildade,
cingiu a cintura com uma tolha e lavou os pés dos apóstolos, dando a
seguinte lição: “se Eu, o Mestre, lavo os vossos pés, vós se quereis ser
grandes no Reino de Deus deveis fazer o mesmo” (Jo. 13:1-15); e talvez a
passagem mais conhecida do Evangelho, quando os fariseus e os
herodianos lhe fizeram a pergunta sobre ser lícito pagar o tributo a
Cesar. Sem pestanejar, o Mestre Jesus solicita um denário e,
utilizando-se do objeto, que tinha na efígie a figura de Cesar, dá a
sublime lição: “Dai, pois, a Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de
Deus (Mt.22:15-22)”.
Parábolas
Jesus
utilizou o conto de histórias ou parábolas para mais facilmente deixar
registrados certos ensinamentos. Sem sombra de dúvida podemos afirmar
que o método mais utilizado por Ele foi o de parábolas, e com certeza
são os ensinos mais lembrados.
Parábola,
segundo a Enciclopédia e Dicionário Ilustrado Koogan/Houaiss, é
comparação desenvolvida em pequeno conto, no qual se encerra uma
verdade, um ensinamento. É uma história ou ilustração tirada de algum
fato conhecido, para lançar luz sobre outro fato não conhecido. William
Sanday diz: "São cenas, ou histórias curtas, tiradas da natureza ou da
vida de cada dia, que apresentam algum pensamento ou princípio capital
que pode ser levado e aplicado ao alto nível espiritual da vida humana".
Horne nos dá uma lista total de sessenta e uma: delas, trinta e quatro
tratam de pessoas, como a do ‘bom samaritano”; quatro, de animais, como
da "ovelha perdida"; sete, de plantas, como a da "semente de mostarda"; e
dezesseis de coisas, como as quatro qualidades de terra.
Se
retirarmos as parábolas dos ensinamentos de Jesus perderíamos uma
quantidade inestimável desses ensinamentos e eles ficariam incompletos.
Só para se ter uma ideia, 50% do Evangelho de Lucas e 25% de Marcos são
representados por parábolas.
Muitas vezes
Jesus, quando era questionado pelos fariseus e escribas, ao invés de
responder diretamente, utilizava-se de parábolas para deixar o seu
ensinamento. Podemos verificar uma situação dessas quando eles criticam o
fato de Jesus andar em companhia de publicanos e pecadores. O Mestre
conta três lindas histórias: da dracma perdida, da ovelha perdida, e do
filho pródigo, demonstrando que todos (dracma, ovelha e filho) eram
dotados de algum valor, mas encontravam-se perdidos, necessitando ser
resgatados, comparando-os aos publicanos e pecadores, que também se
encontravam perdidos, e que na qualidade de filhos de Deus mereciam mais
atenção da parte dos fariseus e escribas. Como no caso da dracma, da
ovelha e do filho, precisavam ser procurados e achados e reintegrados à
sociedade.
Na próxima semana daremos continuidade ao tema, falando de preleções e perguntas, tão utilizados por Jesus.
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